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Hemomar é referência estadual para tratamento de hemofílicos
O Centro de Hematologia e Hemoterapia do Maranhão (Hemomar), vinculado à Secretaria de Estado de Saúde (SES), não realiza apenas captação de sangue, mas também é referência, há mais de 40 anos, no tratamento de pacientes com hemofilia dos tipos A e B. A unidade dispensa de forma gratuita medicamentos especializados de alto custo.
O local atende atualmente cerca de 300 pacientes de todo o Maranhão, que são cadastrados no Hemomar, recebendo entre recém-nascidos e idosos que vivem nessa condição. Nesta segunda-feira (17), em que se comemora o Dia Mundial da Hemofilia, a unidade lembrou a importância da data.
“Hoje é um dia muito importante para todos nós. E o Hemomar toma à frente aqui no nosso Estado, pois é referência para tratamentos de pacientes com hemofilia. A grande característica desses pacientes é ter sangramentos espontâneos, ou não, e intensos devido à falta de fatores de coagulação que são essenciais para que evitem sangramentos”, explicou o diretor clínico do Hemomar e médico hematologista, Ademar Soares.
Doença
A hemofilia é um distúrbio de coagulação, grave e hereditário, em que os pacientes possuem sangramentos internos e externos, podendo ser intensos e prolongados, ocasionados de forma espontânea ou após algum trauma.
Foi assim com o paciente e presidente da Associação Maranhense de Hemofílicos (Amahe), Wdenilson Rocha, 37 anos, que descobriu ter hemofilia aos 8 anos de idade após um sangramento externo e intenso nos dois joelhos.
“O meu tipo de hemofilia é A, grau grave. O diagnóstico não foi difícil, pois meus familiares, como avó, irmão, primos e sobrinhos, também são portadores da doença. Faço tratamento desde os 12 anos de idade até o momento. Atualmente, realizo a profilaxia, com três reposições de fator, que não produzo, três vezes por semana”, explicou o presidente Wdenilson Rocha, que assumiu a Associação em 2017.
Com Emerson Penha, 30 anos, paciente desde 1993, a descoberta se deu através de um corte nos lábios, quando tinha 1 ano de idade. Como na sua família já havia histórico de hemofilia, o diagnóstico do tipo A foi mais fácil para ele. Tanto Emerson quanto o seu irmão convivem com a doença.
“Viver com hemofilia é um desafio superável, pois com o tratamento e apoio da equipe multidisciplinar do Hemomar, conseguimos ter uma boa qualidade de vida, por meio de exercícios físicos e o uso da profilaxia. Neste dia 17, a nossa luta continua por visibilidade. No Maranhão, somos bem assistidos no local”, relatou.
Tratamento
O tratamento a que Wdenilson Rocha e Emerson se referem é feito e disponibilizado de forma gratuita no Hemomar. O tratamento se baseia na reposição dos fatores de coagulação, com profilaxia de fator VIII de coagulação humano (R$ 295, 62) e de coagulação predominante (R$ 247,50), a depender do tipo de hemofilia – a quantidade de reposição depende da classificação (leve, moderada e grave). Os pacientes recebem no Hemomar, por meio do SUS, a medicação de forma constante garantindo menor risco de complicações articulares, bem como as hemorragias espontâneas.
O Hemomar conta também com uma equipe multidisciplinar, com a oferta de diversos serviços para os pacientes hemofílicos no ambulatório. No local, é possível realizar atendimento com Psicólogo, Nutricionista, Dentista, Fisioterapeuta, Pediatra, Clínico geral, bem como consulta a cada 90 dias com hematologista.
“A fisioterapia é importante devido a complicações que os pacientes hemofílicos possuem, melhorando a qualidade de vida deles. Utilizamos no Hemomar aparelhos analgésicos e são realizados exercícios para aliviar a dor e manter força muscular, dentre outros objetivos”, disse o fisioterapeuta David Gomes.
“Como é uma doença hemorrágica e hereditária, os filhos de portadores de hemofilia já chamam a nossa atenção para a possibilidade de nascer com a enfermidade. Nesse momento, já fazemos a triagem dos filhos. Quando ainda não há o diagnóstico na família, o paciente é encaminhado para o Hemocentro para fazermos a avaliação de triagem, basta ter o encaminhamento que pode ser tanto da rede particular, quanto pública”, esclareceu explicou o diretor Ademar Soares.
Funcionamento
O ambulatório funciona de segunda a sexta, das 7h30 às 18h, e aos sábados, de 7h30 às 12h. Para a primeira consulta, é preciso fazer o agendamento presencial. Para ter acesso ao atendimento ambulatorial na unidade, é necessário ter um encaminhamento para o hematologista, seja ele da rede pública ou privada.
Sintomas
– Sangramentos frequentes e desproporcionais ao tamanho do ferimento;
– Aparecimento de manchas roxas (hematomas) ao menor trauma, ou mesmo sem trauma;
– Sangramento de nariz e gengivas;
– Histórico familiar de casos de hemofilia.
Dia da Pessoa com Hemofilia
A data foi escolhida em homenagem ao cartunista Henfil, que faleceu em 04 de janeiro de 1988. Assim como ele, seus irmãos Betinho, como era conhecido o sociólogo Herbert de Souza, e o músico Chico Mário, também tinham hemofilia e faleceram em decorrência de complicações da doença.