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No Maranhão, Central Estadual de Transplantes registra doação de múltiplos órgãos e 40 pessoas deixam a lista de espera
- 28 de maio de 2024
- Postado por: ascom
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Com a decisão positiva das famílias, a Central Estadual de Captação e Doação de Órgãos (CET-MA), serviço ligado à Secretaria de Estado da Saúde (SES), registrou 19 doações de múltiplos órgãos no Maranhão, entre os meses de janeiro a maio deste ano. A ação possibilitou que 40 pessoas deixassem a lista de espera por um transplante.
José Raimundo Soares, de 55 anos, se tornou família doadora após o falecimento do filho, Gabriel Soares, de 17 anos. O jovem teve morte encefálica, após acidente de moto, e a decisão pela doação múltipla de órgãos possibilitou doar os rins, fígado e córneas. Segundo Raimundo, o que o ajudou na tomada de decisão foi poder salvar vidas.
“Assim que a equipe me abordou, eu já aceitei de primeira porque já tinha discutido isso com a minha ex-esposa, a mãe do Gabriel, e a gente decidiu fazer a doação. Nós nos colocamos na situação, para ajudar as pessoas que precisavam ver a restauração da vida dos seus filhos, assim como eu desejei a restauração do meu, e não foi possível”, contou José Raimundo Soares.
Ao optar pela doação de órgãos do Gabriel, a família do José Raimundo Soares proporcionou um recomeço para cerca de três outras pessoas. “Isso nos deixa satisfeitos com a sensação de dever cumprido. Acredito que a sociedade precisa se conscientizar da importância de doação de órgãos. A maioria das pessoas não estão preparadas para receber essa abordagem, mas eu já estava preparado para isso. Com amor à vida, amar o próximo. Essa foi a razão pela qual eu decidi doar os órgãos do meu filho”, acrescentou José Raimundo Soares.
Uma ação positiva familiar pode permitir a captação de múltiplos órgãos e tecidos. Foram 19 familiares que autorizaram a captação de múltiplos órgãos, beneficiando dezenas de pessoas. A lista de espera hoje conta com 740 pessoas na fila de córneas, 263 para rim, quatro para fígado e um para coração.
O cenário é reflexo do trabalho conjunto com entidades parceiras, o que tem permitido o avanço do transplante no estado. “Dentro das ações que permitiram esse avanço estão, em 2023, assumir um planejamento estratégico com técnicas e modalidades de gestão aplicada. Hoje, trabalhamos com marcadores, indicadores, gerenciamento de processos dentro da filosofia Lean, que nos permite atuar de forma mais padronizada e objetiva”, disse o coordenador da CET-MA, Hiago Bastos.
Cledilene França Lima, de 37 anos, há oito anos se tornou paciente renal crônica em decorrência de infecções renais e pressão alta. Em janeiro deste ano, ela foi submetida a transplante do rim direito. “Eu estava em uma consulta em outra unidade de saúde, lá no Centro, quando soube que estavam à minha procura para realizar o procedimento. Como havia saído de casa sem o celular, meu irmão foi a minha procura no local e de imediato me levou até o Hospital Universitário onde fui submetida a cirurgia”, contou. E acrescentou: “Na hora, foi uma emoção muito grande. Só tenho a agradecer à pessoa que doou o órgão, porque para nós que estamos na fila de espera o sentimento de ansiedade é muito forte. É como se eu tivesse nascido de novo. Deus me deu mais uma chance de viver”, disse.
No dia 4 de janeiro de 2024, Raissa Nayane Silva Bastos, de 24 anos, foi submetida a transplante de córnea do olho esquerdo. A cirurgia foi necessária devido uma úlcera de córnea causada pelo uso de lentes de contato. Segundo ela, a expectativa era grande, a ponto de ficar acompanhando virtualmente a fila de espera. “Na manhã do dia 3 de janeiro, me recordo como se fosse hoje, uma moça me ligou, eu atendi e ela começou a se identificar e falar que o meu transplante havia chegado. Eu estava sentada no sofá da sala assistindo TV e quando ela falou me levantei do sofá e meu coração acelerava em cada palavra que ela falava”, descreveu Raissa.
Raissa Nayane Silva Bastos definiu o novo momento após o transplante. “Eu ainda estou me recuperando, tirando os pontos, mas só o fato de saber que fiz o transplante e que tenho a possibilidade de, daqui a uns dias, enxergar novamente, é um alívio, algo maravilhoso”, acrescentou.
A Central Estadual de Captação e Doação de Órgãos foi entregue em setembro de 2017, pelo Governo do Estado, por meio da Secretaria de Estado da Saúde (SES). A central está localizada no Hospital Dr. Carlos Macieira (HCM), unidade referência em alta complexidade no SUS do Maranhão.