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Serviço de Reabilitação Visual do CER do Olho d’Água completa dois anos de assistência integral e humanizada
Nesta sexta-feira (30), o serviço de Reabilitação Visual completa dois anos estimulando a autonomia e os sentidos, com ênfase na qualidade de vida de pacientes cegos ou com perda da visão. A iniciativa faz parte da grade de atendimentos ofertados pelo Centro Especializado de Reabilitação (CER) do Olho d’Água, unidade que integra a rede da Secretaria de Estado da Saúde (SES). O equipamento de saúde oferece assistência a pessoas com deficiência intelectual, física ou múltipla, por meio de atendimentos com equipe multiprofissional.
“O serviço de reabilitação tem oportunizado nestes dois anos um avanço na qualidade de vida dos pacientes. Conforme são trabalhadas questões como mobilidade e autonomia, eles também ganham em independência a partir de um serviço direcionado e diferenciado que garanta mais segurança, mesmo com o quadro de cegueira ou gradual perda da visão”, disse a diretora administrativa do CER do Olho d’Água, Ana Eugênia Furtado.
Entre 2018 e 2019, o serviço de reabilitação realizou 21.642 atendimentos oftalmológicos, alcançado pessoas de todas as faixas etárias com cegueira ou baixa visão. Em 2020, em razão da pandemia causada pelo coronavírus (Covid-19), todos os atendimentos precisaram ser suspensos. Porém, desde o mês de julho, algumas especialidades retomaram a assistência. Por dia, de segunda a sexta-feira, a Reabilitação Visual do CER do Olho d’Água atende 10 pessoas. Com isso, a unidade da SES estima que 225 atendimento mensais sejam realizados.
De acordo com a terapeuta ocupacional e especialista em orientação e mobilidade do CER, Sandra Medeiros, o trabalho desenvolvido objetiva o retorno à funcionalidade do indivíduo. “O nosso foco aqui é a pessoa e promover um atendimento integral. Isso significa ensinar o paciente aprender a se deslocar por conta própria, a usar a bengala, bem como os recursos corporais e do ambiente sem o uso da visão”, pontuou.
Além do atendimento personalizado e integral, a reabilitação busca alcançar também o acompanhante do paciente. Assim, durante as sessões de terapia, o ambiente é transformado em um verdadeiro retiro de sensações. Para isso, é feito, de forma complementar, o uso de práticas integrativas como auriculoterapia, acupuntura, cromoterapia e aromaterapia, no intuito de explorar outras áreas do corpo humano naquele que busca reabilitação devido à perda da visão.
O processo de reabilitação visual contempla pessoas de todas as idades, todavia apresenta abordagens diferenciadas dependendo do público. Para ter acesso ao serviço, a pessoa deve se dirigir à recepção do centro de reabilitação da SES portando documento com foto, cartão do SUS e recomendação ou encaminhamento, onde será submetido a uma consulta para triagem oftalmológica.
Aprovação
Quando a perda da visão é na infância, a assistência faz uso de recursos que ensinem o paciente a explorar os demais sentidos humanos com vista à orientação e mobilidade. É o caso do jovem Guilherme Aires, de 15 anos, nascido cego devido a não formação do globo ocular.
Segundo a mãe de Guilherme, Sônia Aires Pereira, de 41 anos, o adolescente também é portador do Transtorno do Espectro do Autismo (TEA), diagnosticado aos seis anos. “Eu defino o cuidado que ele recebe aqui como amor ao próximo, da terapeuta para com o meu filho. Quando a terapeuta faz o atendimento, eu também me sinto assistida, pois não é nada fácil ter uma criança cego-autista e nestes dois anos tenho notado mudanças na postura do andar, pegar e segurar objetos”, descreveu Sônia.
O caso de Guilherme tornou o quadro assistencial ainda mais personalizado, uma vez que o seu comprometimento primário não é a cegueira, mas o autismo. Dessa forma, a proposta executada promove maior autonomia sensorial em atividades como permitir o toque e realizar atividades como se vestir, andar com mais segurança dentro de casa e tomar banho. Quando um paciente adulto, que por algum motivo veio a ficar cego, o trabalho de reabilitação começa com a aceitação e mudança da autoestima.
Com perda gradual da visão devido retinopatia diabética, o aposentado Emano Pereira, de 60 anos, afirmou que a reabilitação oportuniza novos aprendizados. “Quando eu vim para cá, a sensação era de andar no escuro, mas desde o início fui muito bem acolhido. Eu comecei a sentir o mundo de outra forma, pois tenho aprendido a ser mais independente, tanto nas minhas atividades individuais como no uso da bengala”, compartilhou.