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Quilombola imunizada com ajuda da Força Estadual de Saúde comemora: “sou mãe solteira e uma pessoa doente não pode trabalhar”
Estima-se que existam mais de mil comunidades remanescentes de quilombos no Maranhão. Descendentes de escravos fugitivos entre o século XVI e o ano de 1988, as comunidades quilombolas tiveram seus modos de vida e produção duramente afetados pela pandemia da Covid-19. Com a ausência histórica de serviços de saúde nesses territórios isolados, as comunidades quilombolas tornaram-se uma das populações mais vulneráveis ao vírus.
Para preservar a vida nessas comunidades no Maranhão, a Força Estadual de Saúde (Fesma) tem atuado em mais de 90 cidades para garantir, em uma etapa inicial, a imunização de 63% da população quilombola do Maranhão.
Com a ação itinerante, um total de 63.711 desse grupo prioritário já recebeu a primeira dose da vacina contra o novo coronavírus. Até o momento o Maranhão já recebeu 116 mil doses da vacina AstraZeneca para vacinar quilombolas a partir dos 18 anos de idade.
Entres essas pessoas está a vendedora Raimunda Martins, que mora em São Lourenço, comunidade tradicional situada no município de Vitória do Mearim. Ela é mãe de Manoel de Jesus, jovem que tem dificuldade de locomoção decorrente de paralisia infantil. Para ela, receber a imunização é a garantia de que ela vai poder continuar com saúde para trabalhar e cuidar da prole.
“Tá morrendo tanta gente…Eu sou mãe solteira, tenho meus filhos para ajudar e seu eu morrer fica pior, né? E uma pessoa doente não pode trabalhar”, disse a vendedora.
Por conta da mobilidade reduzida de Manoel de Jesus, a enfermeira da Fesma, Jadeane Medeiros, foi até a casa de dona Raimunda Martins para vacinar o rapaz. Manoel de Jesus recebeu a dose da vacina com alegria, em um momento que emocionou até mesmo os profissionais de saúde.
“Pra gente está sendo um prazer enorme participar desse processo, trazendo apoio aos municípios na vacinação das comunidades quilombolas e ribeirinhas. Eu me sinto muito feliz em participar e ver a alegria da comunidade em está recebendo essa esperança em dias melhores, que é o que a gente espera a cada dia”, conta a enfermeira Jadeane Medeiros.
“Tem que vacinar!”
Na cidade de Anajatuba, a 87,3 quilômetros de Vitória do Mearim por via rodoviária, a previsão é que até esta sexta-feira (16), 2.300 pessoas de 15 comunidades quilombolas sejam alcançadas com a ação de imunização da Fesma.
O quilombola Ronaldo Barros, 44 anos, do povoado Bacabal, em Anajatuba, recebeu a primeira dose da vacina e reitera: “tem que vacinar!”.
“Isso aqui é muito importante pra gente. Vamos poder andar tranquilos dentro da comunidade, com os amigos, os familiares”, diz Ronaldo Barros.
Coordenadora de Imunização de Anajatuba, Maria Paula avalia que a parceria entre a Fesma e o município na cobertura vacinal, deram maior celeridade na aplicação das doses recebidas.
“Essa parceria tá sendo extremamente importante. Estamos com um quantitativo grande de vacinas e com esse apoio do Estado nós estamos podendo proporcionar de forma mais rápida que essa vacina chegue até às comunidades quilombolas. Agora o quantitativo de doses aplicadas está aumentando significativamente”, assegura Maria Paula.
De acordo com a enfermeira da Fesma, Silvia Amorim, a ação de imunização nas comunidades tradicionais de Anajatuba conta com a participação de pelo menos 30 profissionais, entre agentes comunitários de saúde, equipes de Saúde da Família, enfermeiros, técnicos de enfermagem, além de uma viatura disponibilizada pela Secretária de Estado da Saúde (SES).