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Hospital Nina Rodrigues completa 79 anos de referência em tratamento humanizado de saúde mental
Referência no atendimento de saúde mental para todo o Maranhão, o Hospital Nina Rodrigues (HNR) chegou aos 79 anos com muita história para contar. Fundado no dia 25 de março de 1941, a unidade que integra a rede hospitalar da Secretaria de Estado da Saúde (SES) é exemplo de assistência humanizada para as redes privada e pública, bem como de capacitação e valorização de seus profissionais.
De acordo com a diretora geral do HNR, Ana Gabrielle Romanhol, a unidade que anteriormente era conhecida por “Colônia dos Psicopatas” tornou-se espaço de acolhimento e oportunidade de reinserção na sociedade. “A pessoa acometida de transtorno mental antes era vista de forma estigmatizada, como loucas, mas atualmente as pessoas começam a perceber que através dos índices os próprios profissionais da saúde podem ser acometidos de um transtorno. Portanto, o hospital hoje é um espaço de cuidado cíclico, onde zelamos por aqueles que cuidam e, assim, eles sendo cuidados, podem proporcionar um atendimento cada vez mais de qualidade e eficaz, colaborando de fato com uma saúde pública humanizada”, disse Ana Gabrielle Romanhol.
De janeiro de 2019 a fevereiro deste ano, foram realizados 178.842 atendimentos em saúde mental, divididos em núcleos quanto à oferta de tratamento. Na parte ambulatorial, o hospital disponibiliza consultas em Clínica Médica, Psiquiatria e Neurologia; e atendimento multiprofissional de nível superior em Assistência social, Enfermagem, Fisioterapia, Terapia ocupacional, Psicanálise e Nutrição.
Dos serviços especializados, o HNR tem diagnóstico por imagem com exames de Ultrassonografia e Radiologia, Laboratório Clínico e Eletrocardiograma. Além destes, também oferece Serviço de Pronto Atendimento (SPA) funcionando em regime de 24 horas, e Enfermaria de Curta Permanência (ECP) de até 72 horas funcionando aos pacientes que apresentam surto ou alguma alteração pela primeira vez. Esse suporte trabalha em conjunto com o SPA e a Residência Médica em Psiquiatria, a única do estado e que também funciona no hospital.
Há ainda a enfermaria destinada às pessoas em conflito com a lei, que existe em parceria com a Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap). Através de decisão judicial, após perícia realizada pelo Núcleo de Perícia do Maranhão, os pacientes cumprem medida de segurança no hospital, com atendimento voltado desde a saúde mental até a reintegração à sociedade com acompanhamento dos profissionais do hospital.
Humanização
De uma época sombria, o Nina Rodrigues passou a ser exemplo de um local que é para todos, seja para estudar, trabalhar ou para receberem tratamento. O vice-coordenador da Residência de Psiquiatria e também médico psiquiatra perito do Núcleo de Psiquiatria Forense do HNR, Hamilton Raposo de Miranda Filho, conta que o primeiro contato com o hospital aconteceu em 1981 quando ainda era estudante universitário e três fases o marcaram.
“Fui estagiário na época das celas, dos quartos de força, do uso de eletrochoque nos pacientes. Coisas que hoje condenamos, mas que naquela época era prática. A segunda fase que me marcou foi em meados dos anos 90, com o início do processo de humanização e a divisão por setores. A terceira conta a partir de 2015 com a implantação do Programa de Residência Médica Psiquiátrica, a criação dos ambulatórios especializados, a capacitação dos médicos e a enfermaria em psiquiatria, hoje a melhor do Maranhão”, contou o psiquiatra.
Natural de Santa Luzia do Tide, a paciente Raíssa Silva, de 20 anos, disse que o amor descreve a sua relação com o Nina Rodrigues. “Aqui é o local onde eu encontrei a minha saúde. Porque o Nina tem sido pra mim um apoio verdadeiro, com riqueza no atendimento e o acompanhamento dos psicólogos. Tudo isso é que me põe de pé”, compartilhou.
A mãe de Raíssa, dona Francisca de Jesus Silva Sousa, de 37 anos, enfatizou o passo a passo do cuidado que tem sido ofertado. “Estou gostando de tudo e de todos, noto que a Raíssa está mais calma se comparado a como ela era antes, bastante agressiva. Não tenho do que reclamar, desde a comida, ao ambiente, tudo é muito bom”, destacou.
Serviços
Com a modernização, houve também ampliação na oferta de serviços, e o destaque vai para a os ambulatórios geral, de psiquiatria da infância e adolescência, psicogeriatria, de transtorno do humor e ansiedade, bem como de controle de egressos do tratamento.
Entre as iniciativas de humanização estão a Política de Gestão e Acesso, cujo intuito foi de aperfeiçoar a identificação das pessoas que circulam no local, e ainda os Núcleos de Segurança do Paciente e de Qualidade, setores que contribuem com o Núcleo de Educação Permanente (NEP) e Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH).
Também foram executados projetos que contemplam desde os profissionais até os pacientes como, por exemplo, o “Cozinha Terapia”. Anteriormente destinada aos pacientes do CAPS III, a iniciativa foi expandida para todas as unidades de saúde mental da SES partir de 2019, possibilitando aos servidores, colaboradores e usuários a descoberta de novas capacidades, o ato de cozinhar enquanto forma terapêutica, além de abrir oportunidades para uma renda extra, tudo isso promovendo autonomia e a reinserção social.
Outro projeto elaborado pelo HNR foi o Florescer. Lançado em outubro do ano passado, atua na prevenção, cuidado e promoção à saúde dos colaboradores. Com a proposta de “ser cuidado para poder cuidar”, são oferecidas assistências em saúde mental voltado para o ambiente de trabalho, priorização de uma boa noite de sono, valorização dos momentos de lazer em família e com amigos, à prática de atividades físicas e alimentação balanceada.
Os benefícios proporcionados pelo Florescer são resultado de orientações feitas a partir de serviços como avaliação de stress, do sono e nutricional, bem como sessões de práticas integrativas de auriculoterapia, ventosas, aromaterapia com uso de óleos essenciais e ainda cuidados com a pele e dicas de ginástica laboral. O hospital conta ainda com o apoio de unidades paralelas formando assim o Complexo Nina Rodrigues.
Fazem parte desse suporte o Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas (CAPS AD Estadual), o Centro de Atenção Psicossocial “Dr. Bacelar Viana” (CAPS III) e a Unidade de Acolhimento Adulto (UAA). Também integram a lista a Residência Terapêutica I “Dra. Amarilis Toledo” (São Luís), a Residência Terapêutica II “José Raimundo Brandão” (São Luís) e Residência Terapêutica III “Jardim das Flores” (Paço do Lumiar).