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Campanha enfatiza a importância da saúde mental do trabalhador
“Escolha um trabalho que você ama e nunca terá que trabalhar um dia sequer na vida”. A frase, creditada ao filósofo chinês Confúcio, é reproduzida comumente para validar o prazer e alegria com aquilo que se faz profissionalmente. Todavia, mais e mais pessoas estão com a sua saúde mental adoecida também devido às longas jornadas, estresse e ambientes insalubres. Por isso, o tema deste ano da Campanha Janeiro Branco, realizada pela Secretaria de Estado da Saúde (SES), é “Precisamos falar sobre a saúde mental do trabalhador”.
No ano passado, a “síndrome de burnout”, o esgotamento profissional, foi incluído na Classificação Internacional de Doenças da Organização Mundial da Saúde (OMS). De acordo com dados levantados pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), a depressão e o estresse ocupacional estão entre as cinco principais causas de afastamento do trabalho no Brasil.
Não importa a profissão, as pessoas estão cobrando mais de si e sendo cobradas, e discutir a importância da saúde mental no ambiente de trabalho nunca foi tão necessário.
Para o chefe do Centro de Referência em Saúde do Trabalhador (Cerest Estadual), Luciano Mamede, o principal fator de adoecimento do trabalhador está na “uberização das relações”.
“A ‘uberização das relações de trabalho’ é um termo atual, que representa as escalas de trabalho desgastantes, com vínculos empregatícios precários ou informais. Estes, em sua maioria, também não oferecem condições de segurança adequadas ou garantia dos direitos trabalhistas, mas em contrapartida oferecem intensa cobrança por cumprimento de metas, o que afeta diretamente a condição da saúde do trabalhador”, pontuou Mamede.
Professora há 11 anos, Vanessa Cristina Santos Pereira teve crises de estafa devido a intensa rotina de trabalho. “Já cheguei a ensinar para 200 alunos em turmas diferentes, isso no mesmo dia. Percebo a estafa quando sinto muito sono e um cansaço que não se cura mesmo dormindo”, descreveu.
Para combater a estafa, a professora precisou adotar novos hábitos. “Há dois anos tomei duas bolsas de soro em sequência, foi o start para praticar atividades físicas. Retomei com mais seriedade o balé e iniciei a natação, além de atividades extras à realidade do trabalho, que auxiliam muito, uma delas é ser clubista e mediadora de um clube do livro na cidade”, compartilhou.
A ênfase na mudança do ambiente profissional, assim como cada indivíduo reformular seus hábitos ajuda a desencadear mudanças de comportamento, reduzindo sentimentos como tristeza, apatia, perda de interesse, que ocasionam faltas ao trabalho e sofrimento emocional.
Segundo a chefe do departamento da Atenção à Saúde Mental da SES e psicóloga, Isabelle Rêgo, as atividades simples são capazes de mudar a realidade profissional dos trabalhadores.
“Os momentos de pausa são importantes para descansar a mente e renovar as forças dentro da jornada laboral. Também vale destacar algumas boas práticas, como, por exemplo, as ginásticas laborais, momentos de descontração entre a equipe e até mesmo mudanças estruturais do ambiente. Isso evita o sentimento constante de pressão, stress, depressão, ansiedade e a Síndrome de Burnout”, destacou.
– Assédio psicológico ou sexual, violência de terceiros.
– Acúmulo de funções ou falta de clareza sobre as funções do cargo.
– Cobranças excessivas por alcance de metas de trabalho ou metas intangíveis.
– Falta de apoio da parte de chefias e colegas.