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Maranhão fortalece a formação de profissionais da saúde alinhada às necessidades do SUS

Com a iniciativa “Vivências e Estágios na Realidade do SUS (VER-SUS Brasil)”, a Secretaria de Estado da Saúde (SES) reúne docentes, estudantes, residentes, trabalhadores e gestores do SUS para debater a formação profissional na área da saúde no Maranhão. A iniciativa é uma parceria com o Ministério da Saúde e Rede Unidade. São 60 participantes do Maranhão, Piauí, Ceará e Rio Grande do Norte, e faz parte da Edição Nordeste II, coordenada em âmbito nacional pela Rede Unida. A programação se estenderá até sábado (31), abrangendo atividades em cinco municípios maranhenses.
De segunda (26) a quarta-feira (28), a programação foi realizada na Escola de Saúde Pública do Maranhão (ESP/MA). As boas-vindas aos participantes aconteceu na segunda-feira ao som das toadas da Baixada Maranhense, do Bumba Meu Boi de Santa Fé.
“A graduação tem uma função conceitual, mas só isso não é o suficiente. A vivência vem com outro panorama. De você dialogar com o controle social e com o usuário. Não é somente aquele procedimento que tem que cumprir uma carga horária, mas entender que além do procedimento cirúrgico, o procedimento de uma consulta, é estar sensível aos desafios que o Sistema Único de Saúde tem”, pontuou a diretora administrativa da ESP-MA, Ana Lúcia Nunes.
O VER-SUS destaca as agendas prioritárias do SUS a fim de garantir mudança no modelo de Atenção à Saúde na determinação social do processo saúde-doença-cuidado, Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde, Atenção Primária à Saúde (APS), Redes de Atenção à Saúde e Participação Popular.
Segundo o representante da Rede Unida, João Pedro Melani, é uma alegria realizar o VER-SUS no Maranhão. “Nada é só uma pessoa, tudo é coletivo e é com base nisso que expressamos a nossa felicidade de conseguir estar realizando esse trabalho, de ver esse isso se realizando aqui, uma vez que a nossa proposta é integrar o trabalho de saúde através dos estudantes”.
A representante do Departamento de Educação em Saúde do Ministério da Saúde, Carolina Veras, destacou a importância da iniciativa. “Todo mundo fala que essa experiência foi um marco na sua formação. Foi um marco para mim também há dez anos quando pude participar e sair transformada. A intenção é que os participantes saiam dessa caixinha que às vezes a universidade acaba construindo, e olhar para essa realidade que é tão complexa e ampla”, comentou.
Para o superintendente do Ministério da Saúde no Maranhão, Glionel Garreto, é fundamental a integração da comunidade acadêmica com a vivência do dia a dia. “A gente precisa que as áreas de formação em saúde, elas entendam como funciona a saúde pública, vejam toda a diversidade que nós temos, as dificuldades de atender nos locais mais distantes. Por isso é preciso entender o que é saúde pública, para além dos cuidados médicos, para além dos cuidados em saúde, para além da assistência, é entender toda a dinâmica”, disse.
A estratégia é destinada a residentes e profissionais da saúde, bem como de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas, nas áreas da medicina, enfermagem, psicologia, serviço social, fisioterapia, nutrição, farmácia, fisioterapia e biomedicina, oriundos do Maranhão, Piauí, Ceará e Rio Grande do Norte, sendo 15 para cada estado participante.
A imersão prática em serviços do SUS acontece nos municípios de São Luís, São José de Ribamar, Raposa, Paço do Lumiar e Itapecuru Mirim, este último por ter em seu território unidades de saúde nas áreas de quilombo.
Programação
A segunda-feira (26) foi destinada a apresentação do Projeto VER-SUS, seguida da organização das equipes que atuarão nos cinco municípios onde a estratégia atuará durante esta semana.
A programação continuou na terça-feira (27) com imersão no funcionamento das unidades de saúde situadas nos municípios. Na oportunidade, os participantes observaram o funcionamento do fluxo do SUS no Maranhão, como também a oportunidade de vivenciar de perto os desafios próprios do sistema dentro da realidade de cada localidade.
Na quarta-feira (28) foi a vez de participar do momento de diálogo sobre “Saúde mental, direitos e a interseção entre saúde e justiça”, seguido de novas imersões no funcionamento das unidades de saúde, e finalizado com o diálogo sobre “Saúde mental e prisional”.
Diego Oliveira é psicólogo, natural de Teresina, no Piauí, e atualmente está no programa de residência em Saúde da Família e Comunidade pela Universidade Estadual UESP. “Era um sonho meu muito antigo. Eu imagino que essa formação de novos facilitadores que somo nós, vai nos ajudar a olhar o SUS de uma nova maneira, de trazer conhecimento para as comunidades de onde viemos e dessa forma transformar o território local”, avaliou.
Fabiane Perondi é fisioterapeuta pela Universidade Federal de Santa Catarina, também está no programa de residência em Saúde da Família só que pela Escola de Saúde Pública do Ceará. “Eu acho que a residência já tem sido um processo de muito aprendizado, não só para a vida profissional, obviamente, mas para a vida pessoal também, por eu ter saído de Santa Catarina e literalmente atravessado o Brasil para fazer a residência no Ceará. Penso que tudo isso também acaba me formando enquanto profissional de saúde, enquanto fisioterapeuta e também enquanto pessoa que defende o SUS”.
Nesta quinta-feira (29), os participantes do VER-SUS no Maranhão estiveram no município de Itapecuru-Mirim a fim de fazer a imersão naquela localidade. A escolha do território se deve tanto pela presença de quilombos, incluindo também na sua assistência os conhecimentos tradicionais com as práticas integrativas. Na ocasião, os participantes poderão conversar com gestores locais e aprofundar a imersão nas comunidades.
Na sexta-feira (30) será a vez de fazer a imersão em unidades da Rede Estadual de Saúde, concluindo a agenda no sábado (31) com a construção do Plano de Intenções do Facilitador e Elaboração da Árvore de Palavras da Vivência.
Ao todo, a edição do VER-SUS no Maranhão contou com 109 inscrições e 60 participantes selecionados, sendo 15 de cada um dos quatro estados. A certificação está condicionada à realização das atividades previstas dentro do prazo estipulado, inclui-se imersão na vivência teórico-prática e as atividades pedagógicas dispostas no ambiente virtual de aprendizagem.