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Governo promove II Seminário Estadual sobre Álcool e Drogas com foco na saúde mental

A Secretaria de Estado da Saúde (SES) promoveu, nesta quinta-feira (26), o II Seminário Estadual de Prevenção ao Uso Abusivo de Álcool e Outras Drogas: Desafios e Perspectivas na Intersetorialidade. O evento, realizado no auditório da Faculdade CEST, em São Luís, reuniu representantes de diversos setores — saúde, segurança, justiça, educação, assistência social, conselhos e movimentos sociais — para debater estratégias integradas de enfrentamento ao uso de substâncias e aos impactos na saúde mental da população maranhense.
Na abertura, a secretária adjunta da Política de Atenção Primária e Vigilância em Saúde, Déborah Campos, destacou a importância da construção coletiva para o fortalecimento das políticas públicas. “O enfrentamento ao uso abusivo de álcool e outras drogas exige esforço conjunto. É por isso que reunimos aqui profissionais da saúde, da justiça, da educação, dos conselhos e da sociedade civil: para fortalecer o cuidado e garantir que essa pauta esteja presente em todos os níveis de atenção à saúde”, afirmou Déborah Campos.
Com foco na articulação intersetorial, o seminário teve como proposta refletir sobre os desafios e avanços na implementação de políticas públicas voltadas à prevenção e ao cuidado de pessoas em situação de uso abusivo de álcool e outras drogas.
A programação incluiu mesas temáticas, conferências e troca de experiências entre gestores, profissionais, conselhos, familiares e usuários dos serviços da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS). A coordenadora estadual de Saúde Mental, Álcool e outras Drogas, Paula Ramos, ressaltou que o evento integra a programação da Semana Nacional sobre Drogas e reforça o compromisso da gestão estadual com o cuidado integral em saúde mental.
“Nosso objetivo é fortalecer a rede, discutir com os municípios, chamar os conselhos e envolver todos os setores para que esse cuidado seja compartilhado. A saúde mental se constrói todos os dias, e começa na atenção primária, nas unidades básicas de saúde. Temos 117 serviços em funcionamento no estado, entre CAPS, unidades de acolhimento e residências terapêuticas, mas precisamos avançar na ampliação e integração dessas estruturas”, afirmou Paula.
Vícios modernos
Durante o seminário, um dos temas mais debatidos foi o impacto dos chamados “vícios modernos”, como o uso abusivo de jogos virtuais e apostas online, as chamadas BETs, que já vêm sendo reconhecidos pelo Ministério da Saúde como fatores de risco para a saúde mental. Segundo Paula Ramos, esse tipo de comportamento compulsivo tem levado ao empobrecimento de famílias, perda de vínculos sociais e adoecimento mental em diferentes faixas etárias.
O novo Guia de Saúde Mental na Atenção Primária, lançado em 2023, está passando por uma revisão para incorporar orientações sobre esses novos desafios e capacitar equipes da Estratégia Saúde da Família e as equipes multiprofissionais (EMUTs), que atuam no cuidado compartilhado com a atenção básica.
Presente no evento, o juiz Douglas de Melo Martins, da Vara de Interesses Difusos e Coletivos de São Luís, reforçou o papel do Judiciário na construção de soluções interinstitucionais e defendeu a responsabilização de empresas que lucram com tecnologias que causam dependência. “A saúde mental não é responsabilidade exclusiva da saúde. Nenhuma instituição sozinha consegue enfrentar os impactos do uso de álcool, drogas ou vícios modernos. O Judiciário precisa contribuir com diálogo, decisões e também com a construção de soluções coletivas. As empresas que lucram com as tecnologias viciantes também devem ser responsabilizadas e contribuir com os custos sociais e de saúde gerados por seus produtos”, declarou o juiz.
De diferentes regiões do Maranhão, gestores municipais participaram do evento com o objetivo de fortalecer a rede de atenção psicossocial local. A secretária municipal de Saúde de São Raimundo das Mangabeiras, Ednaira Cardoso, veio acompanhada da equipe de saúde mental. “Viemos buscar conhecimento e apoio para fortalecer nossa rede. Ainda não temos CAPS ou leitos, mas a demanda cresce todos os dias. Esse seminário nos dá ferramentas para avançar e nos orienta sobre os caminhos e as parcerias que podemos construir”, disse a gestora.
O evento reforçou que a porta de entrada do cuidado em saúde mental deve ser a atenção primária. O trabalho dos agentes comunitários, das equipes de saúde da família e das EMUTs tem papel central na detecção precoce, acolhimento e encaminhamento adequado de pessoas em sofrimento psíquico.