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Governo do Maranhão realiza pela primeira vez Simpósio Internacional sobre HTLV

O Maranhão sediou, pela primeira vez, o Simpósio Internacional sobre HTLV no Brasil (SIHTLVbr), que aconteceu entre os dias 27 e 29 de outubro de 2025, no Rio Poty Hotel & Resort, em São Luís. Em sua 17ª edição, o evento é realizado de maneira conjunta pelo Governo do Estado, por meio da Secretaria de Estado da Saúde (SES), Universidade Federal do Maranhão (Ufma) e a International Retrovirology Association (IRVA).
O evento é destinado a pesquisadores, profissionais de saúde, gestores públicos e pessoas que vivem com HTLV. O objetivo é de dialogar sobre avanços e melhorias na prevenção e assistência contra a infecção no país.
O HTLV (Linfotrópico de Células T Humanas) é um vírus da mesma família do HIV, mas funciona de um jeito diferente. Ele atinge principalmente células do sistema imunológico (LTCD4+), tirando a capacidade de defesa do organismo. Esse vírus possui quatro subtipos: o HTLV-1 (subtipo que mais causa doenças associadas), o HTLV-2, o HTLV-3 e o HTLV-4.
O HTLV-1 é o mais comum, cuja rota de transmissão é de classificação vertical, ou seja, de mãe infectada para o filho na amamentação (raramente na gestação), por meio de relação sexual sem uso de preservativo com parceiro infectado e compartilhamento de seringas e agulhas.
Presente na programação, a chefe da Coordenação de Atenção às IST/Aids e Hepatites Virais da SES, Jocélia Frazão de Matos, afirmou que o foco do simpósio é a prevenção e levar informações às pessoas sobre a infecção.
“O HTLV é um vírus que pode atingir o sistema nervoso e, em muitos casos, não apresenta sinais imediatos. A infecção pode ficar sem sintomas por muitos anos, mas também pode se manifestar mais cedo, dependendo de cada pessoa. Cerca de 5% dos casos evoluem para formas mais graves da doença. Quem teve resultado positivo ou está sentindo algum sintoma deve procurar acompanhamento. O atendimento está disponível em serviços municipais de São José de Ribamar, São Luís e Imperatriz. O diagnóstico e o cuidado contínuo são importantes para orientar o tratamento e garantir melhor qualidade de vida”, disse Jocélia Frazão.
A professora e pesquisadora da Ufma, Hivana Dallagnol, destacou que, no Maranhão, o simpósio teve um formato diferente. “O 17º Simpósio Internacional sobre HTLV, realizado no Brasil, é hoje o maior encontro mundial dedicado ao tema, cujo objetivo é ampliar o conhecimento sobre o vírus, que ainda é pouco discutido e conhecido pela população. Em nosso estado, envolvemos profissionais de saúde, bem como pessoas vivendo com HTLV. Com isso, buscamos fortalecer o acesso aos serviços de saúde e incentivar políticas públicas que garantam acompanhamento e atenção adequada às pessoas afetadas”.
Ricardo Henrique Souza descobriu que havia sido infectado com o HTLV em 2022, mas foi após o diagnóstico que percebeu que os sintomas já eram sentidos desde 2020. “Em 2022, senti uma forte dor nas panturrilhas, o que intensificou os sintomas. Após exames, fui diagnosticado com HTLV, o que causou revolta e desinformação, mas eu aceitei a condição e comecei a buscar informações e ajudar outras pessoas a entenderem a doença”.
Durante os três dias de evento, os participantes também tiveram acesso à palestras e mesas de debates nos temas: “Biologia e Epidemiologia do HTLV”, “Saúde da Mulher e Transmissão vertical do HTLV”, “Diagnóstico, Prevenção e Controle do HTLV”, “Triagem Pré-Natal para HTLV”, “Manifestações Neurológicas e Hematológicas do HTLV”, entre outros.
O médico e membro do diretório de Doenças Transmissíveis da Secretaria de Estado da Saúde do Pará (SES-PA), Gabriel Jardim da Motta Corrêa, comentou que o simpósio veio para formular políticas públicas. “A participação no evento contribui para a construção de políticas de saúde adaptadas à realidade do Pará, já que muitas diretrizes nacionais não alcançam a diversidade do estado. A presença de pessoas vivendo com HTLV fortalece esse processo”.
Como não há vacina ou remédio específico para o HTLV, o cuidado é feito conforme os sintomas. Para bebês expostos, recomenda-se não amamentar, com uso de inibidor de leite e fórmula infantil. A prevenção mais eficaz é a informação, o uso de preservativos em todas as relações e não compartilhar seringas ou objetos cortantes.
